Eu tenho medo de mim
Nesses dias em que faço as coisas
Sem pensar no que pensa você
Nesses dias em que eu não tenho controle
Que pareço ser o que eu sou
e não o que você sabe de mim
Nesses dias que talvez me descubram
Eu tenho medo de mim quando eu saio da linha
E ando assim tão tortinha
Assistindo seus ridículos sustos
Eu sou esse desalinho
Submerso na minha e na sua hipocrisia de sustentar essa pose
Essa máscara
Esse personagem.
Não queira me canonizar
Não!
Não quero perder o medo de ter esses meus dias
De jogar água nessa tinta que cobre uma pintura que eu não fiz
Que eu não quis
Olhe bem
Pra ver pouco a pouco desfazer
Essa tinta a base d’água que ficou embaixo da chuva
E dissolve, desfaz, derrete…
Porque não há no mundo
farsa e hipocrisia que dure pra sempre.